Gishin Funakoshi (船越 義珍 Funakoshi
Gishin?) foi um mestre de Okinawa-te, nascido
em Oquinaua no ano de 1868. Foi o principal divulgador da arte
marcial pelo arquipélago japonês. Deixou como legado, além do caratê
mundialmente conhecido, dois estilos, Shotokan e Shotokai. Seu
falecimento deu-se em 1957, evento depois do qual, apesar dos grandes
esforços despendidos, marcou ainda mais a fragmentação de sua arte marcial.
Em 1957, Funakoshi tinha 89 anos de idade. Ele foi um
professor de escola primária e um professor de caratê. Ele se mudou para o
Japão em 1922 (o que não é um pequeno ato de coragem) e trouxe consigo o
caratê, dando ao Japão algo de Oquinaua com seu próprio jeito pacifista. No
processo, ele perdeu um filho, sua esposa, o prédio que seus alunos fizeram
para ele, seu lar, e qualquer esperança de uma vida pacífica. Ele suportou duas
grandes guerras que resultou em calamidade nacional, e ele treinou seus jovens
amigos e conheceu suas famílias apenas para vê-los irem lutar e serem mortos
pelas forças invencíveis dos Estados Unidos. Ele viu o Japão queimar, ele viu
os antigos templos e santuários serem totalmente aniquilados, ele viu
bombardeiros enegrecerem o Sol, e ele viu como um pilar de fumaça negra subia
de cada cidade no Japão e envenenava o ar que ele respirava. Ele viu o Japão
cair da glória para uma nação miserável, dependendo de suprimentos de comida e
roupas dos seus conquistadores. O cheiro da fumaça e o cheiro dos mortos, os
berros daqueles que foram deixados para morrer lentamente, o choro das mães que
perderam seus filhos e esposas que nunca mais iriam ver seus maridos, o medo, o
ruído ensurdecedor dos B-29's voando sobre sua cabeça aos milhares, os clarões
como os de trovões por todo o país quando as bombas explodiam em áreas
residenciais, os flashes de luz na escuridão, a espera no rádio para poder
ouvir a voz do Imperador pela primeira vez, somente para anunciar a rendição, a
humilhação de implorar comida aos soldados. Intermináveis funerais, famílias
arruinadas e lares destruídos...
A lição mais importante que ele nos ensinou está expressa na
história do modo que ele passou pelo dojô principal de Jigoro Kano. Caminhando
pela rua, ele parou e fez uma pequena prece quando passou pelo Kodokan. E, se
estivesse dirigindo um carro, ele tiraria seu chapéu quando passasse pelo
Kodokan. Seus alunos não entenderam porque ele estaria rezando pelo sucesso do
Judo. Ele explicou: "Eu não estou rezando pelo Judo. Eu estou oferecendo
uma prece em respeito ao espírito de Jigoro Kano. Sem ele, eu não estaria aqui
hoje".
Gichin Funakoshi, o "Pai do Caratê Moderno",
faleceu no dia 26 de abril de 1957. No seu túmulo está gravada sua célebre
frase: Karate ni sente nashi. O monumento está localizado no Templo
Engakuji na cidade de Kamakura, Japão.